monica mansur
Galeria Lana Botelho
Análogos
2002
Esse ponto de apoio, que sustentaria o desdobrar e a circulação das analogias que se espalham sobre a superfície do mundo, tanto se apresenta, quanto nos falta. Esse ponto é um signo, que em suas inúmeras cópias, expõe a precariedade do sujeito, sua condição residual na massa, sua fragilidade a necessitar de redomas, reflexos no espelho, assinaturas no papel: mas é, a um só tempo, sua afirmação e sua dissolução progressiva na repetição.
Na repetição infinita do “Análogo” (Αναλογός), se existe um eco de morte e de distanciamento de um Signo Original, no qual se alojaria a mais perfeita assinatura da artista, também pulsa latente um desejo de vida, movimento e aproximações. Contemplá-los é também apurar os ouvidos, escutar o que, entre silêncios, nos solicita: como se ali latejasse a vontade de quebrar a redoma, saquear o espelho, fundir-se à alteridade. Como se não bastassem as aproximações abstratas das analogias, como se quisessem laços táteis: o toque da mão que assina o nome, a doce respiração que reluta sob os cristais, o beijo que subsuma o olho. O olho das distâncias contemplativas e dos encantamentos perdidos.
Marcus Vinícius de Paula e Marisa Flórido Cesar