monica mansur
Museu Nacional de Belas Artes RJ
Sala Osvaldo Goeldi
Eklipsis
2001
Suponha um tempo.
O tempo das repetições sagradas. Um tempo circular, perfeito e imutável, um tempo eternamente idêntico a si mesmo. Suponha nesse tempo mítico, o tempo das revelações.
Os objetos aqui dispostos por Monica Mansur são circulares: gravuras comprimidas em um anel das quais só se revelam os limites cortantes do papel. Redomas que encerram à asfixia tecidos dos quais só se vêem as dobras. Espelhos redondos incapazes de refletir graças a uma película opaca a eles aderida.
Todos — os anéis, as esferas, os espelhos – cintilam em um espaço de onde foram apagados os traços e as coordenadas físicas que o inscreviam no mundo. Cintilam sobre um fundo negro.
Os objetos aqui esquivam-se às revelações: tudo é dado a repetir-se, tudo é dado a esquecer-se, tudo é dado a ocultar-se. Tudo é dado a repetir-se para que nas ressonâncias sem fim, a ausência cintile no lugar da presença. Mas que cintile!
Marisa Florido Cesar